INSTRUÇÕES DE USO

Você está proibido de ler este blog fora de ordem! A nova ciência da tecnologia criou uma nova ditadura de formas e conteúdos e tive que fazer algumas mágicas para que as coisas apareçam na ordem certa (mas nem sempre funciona)!
Embaixo você vai poder ler as últimas partes escritas (mas só se você já leu o resto) - não me obedecer pode gerar sua expulsão desta minha doação literária! Para ajudar, olhe à sua esquerda e vai ver um índice... sabe o que fazer com ele?

sábado, 7 de agosto de 2010

Névoa de Paranapiacaba

As grades de novo aparecem perante nós. Estou tentando vigiar as minhas próprias para entendê-las e delas me livrar.


Sempre tentei  ver a riqueza dos detalhes, a maravilha das engrenagens divinas (seja lá qual a divindade que as tenha concebido) como o entendimento para se chegar ao Algo Simples e Maravilhoso que estaria acima de mim.


Quando olhava para uma planta ficava me maravilhando com os detalhes, as pequenas soluções da natureza, a possibilidade de vida na forma de seiva, sol e química. Como era lindo me enfiar naquele mundo minúsculo e imaginar a interação dos átomos, os fótons de luz fazendo seu papel e tudo isso funcionando harmoniosamente.


Mas agora uma névoa se deitou sobre meu enxergar como a névoa que se apossa periodicamente da linda cidade de Paranapiacaba e que vai escondendo os detalhes que antes eu enxergava. Esta névoa de Paranapiacaba me encantava porque eu via as coisas sumirem, se transformarem, enganarem minha visão sem conseguirem enganar minha memória. Eu sabia que, apesar de parecer um foguete interestelar em sua viagem, nada mais era que a torre da igreja.


E tinha o momento em que a névoa se dissipava e me devolvia toda a realidade que eu tinha guardado na memória. E essa brincadeira de poder fazer de conta contando com a segurança de que tudo voltaria ao normal me encantava.


Mas esta névoa que agora se deita não é a mesma. Ela não vem brincar com as minhas visões ou tentar enganar minhas memórias. Ela vem me mostrar que não adianta enxergar o que não existe ou me lembrar do que não vi.


É uma névoa de limpeza. É um fechar de olhos para ter a chance de se despertar de novo, desta vez para valer.


Não adianta olhar para dentro de nós mesmos, ou através da grade que nos protege do que não queremos ver.


E dentro desta névoa existe um diamante.


Não estamos aqui para nos olharmos na face polida deste diamante. Não adianta olharmos através dele porque cada face irá dos dar uma visão diferente do que se tem para enxergar.


Existe apenas uma forma de se olhar um diamante: para dentro dele. Pode-se olhar por qualquer face, o interior dele será sempre o mesmo. Inatingível a princípio, mas verdadeiro.


Precisamos achar o diamante no meio da névoa. Precisamos saber olhá-lo. Transcender para dentro dele. Sê-lo sem sermos nós. Não podemos maculá-lo.


Descobrir, talvez, que sejamos raios de luz que emanam deste diamante e que a ele queiramos retornar.

domingo, 1 de agosto de 2010

Nossas Grades

Tenho lido muito nestes últimos dias. Meio a esmo, meio deixando os textos me conduzirem a outros textos (a internet é ótima para isso – lembro das dores nas costas de tanto folhear Enciclopédias Britânicas, de volume em volume, sendo guiado pelas palavras desconhecidas).

Tenho absorvido e lido sem muita análise, ainda. Tenho deixado as coisas passearem pela minha mente e pelas minhas sensações de satisfação, descoberta, desconfiança, quase compreensão, vislumbres, sonhos...

E um conceito que eu não tinha e passou a me assaltar de vários ângulos é o da grade... como explicar? Nem sei ainda... estou na fase de roubar as idéias para servirem de ingredientes para as minhas próprias.

Mas, grosseiramente, imagina a grade como sendo a janela que te separa do mundo verdadeiro e que tudo que você percebe passa, necessariamente, por esta grade antes de atingir teus sentidos e tuas percepções. Não se pode dizer que ela seja uma deturbadora do mundo verdadeiro ou mesmo um fltro do que te atinge. Esta grade é tua ÚNICA forma atual de chegar a receber alguma coisa do mundo verdadeiro.

E as grades são resultado de uma série infinda de elementos, sejam influências, sejam aprendizados,  medos ou descobertas. E cada indivíduo tem sua própria grade, que pode até se assemelhar aos que o cercam, no tempo e no espaço e, principalmente, nas idéias e ideais (sonhos talvez).

Mas como não sabemos que esta grade existe em cada um de  nós obviamente não sabemos que ela existe no nosso vizinho antagônico, no nosso colega discordante, no nosso amor não mais amado.

E grades diferentes não só vêem pedaços diferentes do mundo verdadeiro como podem até não conseguir nem ver o que o outro vê. Esta desvisualização é, provavelmente, o cerne das confusões e desentendimentos, das necessidades do uso da força física, mental ou psicológica.

Talvez tenhamos que ser míopes e deixar de olhar o mundo para passar a enxergar nossas próprias grades, entendê-las, e desmontá-las, primeiro um pedaço, depois olhar para fora e para o outro e reaprender... depois desmontar mais um pedaço, novo aprendizado...

Até... sinceramente não sei o que veremos... ainda nem retirei meu primeiro pedaço. Mas estou esperançoso que, mesmo que eu esteja completamente errado quanto à existência destas grades, pelo menos eu consiga enxergar mais conscientemente e saber que há um mundo verdadeiro que todos enxergarão por igual.

Vejam se faz sentido

Existe um certo entendimento de que a paz interior, a evolução espiritual (ou qualquer coisa parecida com essa), a busca do Algo estão ligadas a conceitos de Simplicidade, mente vazia de conflitos, desvinculação das coisas materiais, despreendimento das armadilhas dos pensamentos lógicos e desvínculo da necessidade de se entender o Todo antes de conquistá-lo.

Algo como "deixe de ficar pensando e deixe a Natureza e o Sublime te invadirem".

E para isso temos que nos esforçar, temos que esquecer muitas coisas que nos ensinaram por anos, temos que "limpar a mente", abrir os sentidos para aquilo que não estamos acostumados a valorizar.

E isso é difícil! Ficamos duelando com os valores enraizados dentro de nós, ficamos sem saber o que fazer com as conquistas e conquistados de tantos anos, criamos a necessidade de abnegação e purificação para nos justificarmos perante aqueles com quem convivemos e descobrimos a solidão e a instrospecção (mesmo quando achamos nossos iguais) como forma de se conseguir esta "limpeza".

Mas é uma quebra tão grande do que se considera normal que me deixa pensando se tudo isso está certo? Se estiver, provavelmente eu ainda tenho muito pela frente, pois é difícil para mim não precisar entender, não usar a parte pensante que me trouxe até aqui e que acredito tenha me ajudado muito a poder não me afundar na mesmice.

Continuo acreditando na Simplicidade, na naturalidade em se conseguir este ponto mais alto, mas não consigo achar que esteja desvinculado do intelecto. Acredito que um encaixe perfeito entre o pensar, o sentir e o viver existe. E que para este encaixe ser conquistado muito do que disse acima é a mais pura verdade.

Há que se limpar a mente mas não deixar de usá-la!
Há que se usar a mente em sua forma mais pura, criando sua própria estrutura, sem aceitar dogmas e falácias.
Há que se desvincular das coisas materiais mas não negar sua necessidade.
Há que se entender que se somos parte do Todo temos que entender a nossa parte Nele.
A melhor forma de abrirmos a mente para novas sensações e conhecer como lidamos com as antigas.

O pensamento deve fluir solto, fácil, prazeirosamente. Este é um dos sintomas da Simplicidade.

Como podem ver estou ainda longe Dela mas já sinto uma mente que trabalha sem tanto esforço, já sinto meus sentidos mais abertos às mensagens não padroinzadas, já sinto a necessidade da Simplicidade.

 
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