INSTRUÇÕES DE USO

Você está proibido de ler este blog fora de ordem! A nova ciência da tecnologia criou uma nova ditadura de formas e conteúdos e tive que fazer algumas mágicas para que as coisas apareçam na ordem certa (mas nem sempre funciona)!
Embaixo você vai poder ler as últimas partes escritas (mas só se você já leu o resto) - não me obedecer pode gerar sua expulsão desta minha doação literária! Para ajudar, olhe à sua esquerda e vai ver um índice... sabe o que fazer com ele?

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Rascunhos de Um Pensar - Parte 08

Uma coisa que deve ser notado é que o Nada é totalmente individual, solitário e egoísta e exige o mesmo de você. Não há como generalizar, compartilhar ou distribuir o Nada. Ao se procurar o Nada você vai procurá-lo dentro de você mesmo. É o choque da negação de seus próprios sentidos, aquilo que o atrela ao mundo conhecido, que lhe mostrará a Nada. Você terá que aprender que o que seus sentidos trazem para você é tão real quanto queira e tão imaginário quanto você permita. Assim, você tem que primeiro sentir para depois deixar de sentir... e só você pode fazer isso e isso só pode ser feito procurando dentro de você mesmo.

A boa notícia é que pode ser feito em partes, você pode trabalhar cada um dos seis sentidos individualmente e assim conquistar um pouco do Nada de cada vez. Muitas vezes é até recomendável que se faça assim. A experiência de conhecer o Nada de uma única vez pode ser perigosa e sem retorno.

Você pode começar negando o tato. Se você foi um bom estudante de física lembrará que ao tocar alguma coisa você nada tocou. O tato nada mais é que os campos energéticos de sua matéria interagindo com os campos da matéria que você "tocou", criando forças que sua mente traduziu em toques. Lembre-se: a matéria é a poeira que macula o Nada.

Há duas maneiras básicas de se negar o tato. Você pode simplesmente bloquear as interpretações do seu cérebro e simplesmente não sentir o que deveria estar sentindo. E isso é mais fácil do que parece. Você pode fazer isso sem buscar o Nada. Segure algum objeto, de leve, sem muita força. Pode ser algo simples, pode ser sua própria mão segurando a outra. Não se mexa. Não altere o toque. Deixe o tempo passar. Daqui a alguns instantes conscientize-se de que na verdade você não está mais sentindo toque nenhum. Seu cérebro bloqueou a sensação.

A outra forma, a que interessa, é concentrando-se- no Nada. E conscientemente bloqueie suas sensações de tato.  Recomendo que comece deitado, fica menos assustador ou perigoso. Vá esquecendo que tem pernas, braços, pele... Vá deixando que suas partes passem a fazer parte dos objetos que você "toca".  Você nada mais sente porque você nada mais é que um nada se integrando ao nada dos objetos. A sensação de peso, de contato, de espaço ocupado desaparece. Quer voltar a sentir? Basta querer. Mexa-se... isso bastará. Que tal o passeio?

Vamos para o segundo sentido... que tal a audição? Aqui a essência é diferente. Aqui você tem que se conscientizar que ouvir é acreditar na sequência do tempo. Você só ouve hoje porque acredita que exista um processo de receber a informação, traduzi-la, interpretá-la e usá-la ou armazená-la. Mas processos pressupõem tempo e espaço, que já sabemos serem frutos de nossa desimaginação. Quer parar de ouvir? Inunde sua sensação auditiva com o silêncio do Nada, com a incapacidade de entender o que venha a ser tempo ou espaço. Comporte-se como se nada houvesse para ser ouvido. Faça de conta que está indo dormir e deixe a audição descansar. Verá que sem a audição a noção de que o tempo e o espaço não existem passa a ser mais crível. É como ter uma televisão ligada sem volume e você não querendo prestar atenção. Parece que nada de verdadeiro está acontecendo. É verdade que se você usar a visão e o pensamento em uma televisão sem som, você vai se apegar ao "realismo" e à passagem de tempo, mas como estamos nos livrando dos grilhões dos sentidos, tente deixar a televisão ligada sem som e sem sua atenção. É como estar numa exposição de pinturas sem querer ver quadros. Ao final do seu passeio você terá entendido o quero dizer por não existir tempo ou espaço.

Qual o próximo? Olfato? Ou prefere paladar? Esses são fáceis nos dias de hoje porque eles já estão semi-destruídos pelos hábitos e exageros que aceitamos.

O olfato sensível, aquele de pequenas nuances praticamente já não o temos, mas ainda somos capazes de sentir os grandes extremos, prazerosos e asquerosos. Ajuda lembrar que aprendemos a sentir cheiros como uma forma de sobrevivência, onde as classificações de bom e ruim nasceram de memórias educativas e fisiológicas que herdamos. Se conseguirmos desvencilhar o elo entre o cheiro e o fato, aprenderemos a sentir os cheiros sem reações comportamentais. Este é um passo importante para simplesmente deixar de sentir qualquer cheiro. Feito isso, comece a entender que o olfato não existe. Ele é tão real e tão falso quanto o tato. Ele é apenas uma série de reações químicas que você decidiu lembrar e valorizar.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Rascunhos de Um Pensar - Parte 07

Já a segunda questão, de como nós próprios sairemos da teoria para o resultado, só me permitirei divagar superficialmente porque, obviamente, não há regras e procedimentos que, por terem sido escritos, tenham efetivado a cura. Não é a receita que cura o paciente, mas sim a interação do remédio com o doente.

Uma das formas aparentemente óbvias de se chegar ao Nada é praticá-lo. Mas isso pode não ser tão simples. Me lembro de um antigo e enraizado pavor que tinha, que é difícil até de explicar: nos meus momentos de devaneio, principalmente na minha juventude, quando tinha o hábito de me deixar atropelar pelos meus pensamentos, permitindo que se dessem as mãos sem a necessidade da menor coerência, sempre acreditei que pensar era estar vivo e que somente o pensamento pudesse gerar um novo pensamento, perpetuando assim o viver (Cogito, ergo sum).

Deixava então a mente trabalhar e vivia com a certeza que ela era a morada da vida, da existência, da realidade. Toda vez que eu pensava em desligar a mente, deixá-la quieta, me vinha a imagem do carro sem motor de arranque que, se desligado, nunca mais voltaria a funcionar. Pode parecer paranoia, e talvez seja.

Agora faço meus exercícios do Nada, tenho progredido e feito algumas viagens. E como se faz isso?

Por exemplo, escolha uma música que te acaricie e te invada sem te perturbar ou exigir de você memória, lembranças ou ligações. Começa a prestar atenção no que ouve. Tenta sentir cada nota, cada sobe e desce da melodia, cada riqueza da criação do artista, cada beleza da harmonia que vai desfilando perante teus sentidos.

É uma experiência relaxante, cria em você uma admiração pela capacidade de alguém ter criado essa coisa tão simples e rica. Mas isso não é o Nada, é sua antítese, o Todo.

Imagina a música como uma névoa que te toca, arrepia tua pele, acaricia teus sentidos. Flutua então por esta névoa, busca uma nota, um som que te chame a atenção. Flutua ao redor dela, vislumbra-a de todos seus lados, por todos seus contornos, persegue-a pelos seus passeios por dentro da névoa. Vê como ela conversa com as outras, vê como ela passeia dona de si...

Agora fecha teus sentidos, de leve, e vislumbra-te passeando pela névoa, afasta-te de ti mesmo e presta atenção. O que vês?

Nada vês, pois não és música, não és névoa, não estás onde achavas que estarias... se lá estivesses este "lá" existiria e não seria música, não seria névoa. Então, onde estás?

Estás passeando pelo Nada, que te permite Tudo sem que o Todo perceba ou se incomode.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Rascunhos de Um Pensar - Parte 06

Ok, destruí todos os conceitos básicos, tempo, espaço e matéria, relevei a energia para um plano de mero intercâmbio de existências  e venerei a negação, o espaço vazio, o nada, como núcleo de convergência e entendimento.

E agora?

Da teoria à prática...

E essa é a parte onde toda ajuda é bem vinda. Se nossas teorias têm algo de verdadeiro e nós ficamos aqui, nas beiras de cais, vendo os navios partirem, nunca saberemos se naufragaram ou se novas terras conquistaram,  a não ser pela noticias ou pela falta delas.

Precisamos partir tão corajosamente quanto nossos iguais e se fracassarmos por caminhos errados ou por idéias tortas, a maioria nunca saberá, só nossa ausência sentirá e provavelmente em mártires nos tornará.

Mas confesso que ainda não sei como transformar esses vislumbres de um mundo total em pelo menos capítulos reais do meu mundo atual.

Sei a busca básica: me desvincular do tempo, espaço e matéria e conquistar o nada, por ele navegar, pelos meus pensamentos fluir e interferir.

Mas antes temos algumas lições de casa a resolver.

Uma delas é quanto aos leigos mortais que se prendem aos seus realismos atuais de forma quase perpétua. Após termos enxergado o Nada, como devemos nos comportar quanto a aqueles que não têm a menor idéia do que estamos falando?

Outra dessas lições de casa é como nós mesmos transformamos essas ainda crenças em atos e evoluções? Temos que seguir rituais, procedimentos e outras instruções e meditações para atingirmos níveis de compreensão suficientes para a realidade no Nada?

Uma coisa de cada vez. Pensemos em nossos iguais, os leigos mortais. Primeiramente precisamos entender que eles são realmente iguais a nós. Nada há de diferente entre eles, que não enxergam o que enxergamos, e nós, que acreditamos enxergar um nada, um desvínculo de imagens e de verdades científicas criadas a partir de um Nada negado. É importante entendermos que não há o certo ou o errado, o avançado e o principiante. O que há de diferente é apenas um novo grau de liberdade, nos libertamos do conhecimento formal. Permitimos às nossas mentes, ainda guiadoras da maioria das nossas ações, que passeiem pelos caminhos não necessariamente sólidos em busca de paisagens e brisas que tragam um conforto maior que o da segurança, o conforto da satisfação de se saber livre de regras e barreiras, a satisfação de descobrirmos que não temos limites.

Ao chegarmos a esse nível de liberdade e conforto em momento algum negamos qualquer realidade, inclusive aquela que até então conhecíamos como única. Por muitas vezes povoaremos esta realidade "antiga" pois é nela que calcamos boa parte de nossa existência e ela é tão verdadeira quanto qualquer outra. Será em muitas ocasiões nosso porto de descanso entre tantas redescobertas que vivenciaremos a partir da nova liberdade.

Então deve ser um processo simples como o de um pintor abstrato jantando com seu amigo, um físico quântico: eles não fazem medições de conhecimentos nem deixam que suas individualidades mascarem ou obscureçam as existências que os cercam. São conhecedores de seus próprios potenciais, talvez desprezem o conhecimento que o outro tenha, mas não se mostram  maiores ou mais importantes que seu companheiro de refeição.

Assim devemos nos comportar. Se achamos que tenhamos evoluído ao conhecer o Nada não podemos pressupor que nosso colega, vizinho ou parente não tenha conhecido alguma outra forma do Nada se manifestar. Ele pode até ter encontrado o mesmíssimo Nada que encontramos e decidiu negá-lo, ou adiá-lo na sua vida!

Ou pode estar pensando exatamente igual a você! Feliz de ter conhecido o Nada e não se sentindo superior a você, que não demonstrou ter tido a mesma sorte.

O importante é entender que conquistar o Nada em nada muda qualquer dos mundos pelos quais você vagueie. Ele apenas te permitiu conhecer uma infinidade deles.

Com isso acho que resolvemos nossa primeira grande questão, a de como conviver entre humanos, sabedores ou não dos poderes do Nada.

Rascunhos de Um Pensar - Parte 05

Aprendemos que dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo. Já resolvemos a nulidade do espaço e do tempo. Falta falarmos da matéria. Independente dos últimos avanços da ciência, que a todo instante redescobre a tal da matéria, com direito a anti-matéria e outros tantos conceitos, sabemos que na verdade falamos do vazio e das energias em circulação com direito a partículas espalhadas aqui e ali. (Corroborando meu desconceito de espaço e tempo, lembro que os cientistas quase chegaram lá ao inventarem o princípio da incerteza de Heisenberg.)

Pensemos ainda no absurdo dos buracos negros. São uma tentativa dessas partículas em aniquilar o vazio entre elas e o resultado é simplesmente a derrota. Essa implosão de matéria, essa redução do nada entre as partículas gera uma singularidade que gostam de chamar de portal para outros universos, mas é simplesmente o nada vindo de outras realidades reconquistando o espaço que as partículas ocupavam.

Se a matéria não é a maioria, se ela própria pode ser pura energia, se não há espaço ou tempo, porque haveria de ter a tal da matéria? Ela nada mais é que uma forma de expressar as trocas de energia, suas várias formas e concentrações passeando pelo vazio.

Então nos resta o vazio e energia. Não há como negar o vazio. Ele é a essência de si mesmo. Negar o vazio é congelar o universo. Precisamos do vazio para que exista mudança, para que nossos "pensamentos" tenham a liberdade de serem o que quiserem.

E a energia? O que seria?

Seria fácil dizer que esta energia seria o "nós" espiritualizado, que pertencemos ao cosmo, que somos parte de um algo maior. Mas não acho que seja isso. Continuo acreditando na total individualidade, no conjunto de particularidades de cada individuo. O que passamos, presenciamos ou sentimos foi iniciado pelo nosso "pensar", é só nosso e pode ser compartilhado se ambos os lados o quiserem.

A energia é a forma de dizermos que existimos. Nossos realismos "pensados" se utilizam dessa energia para imprimir em nós mesmos as sensações e lembranças que planejamos.

A energia, mais que um ente é uma entidade que representa nosso poder de existir e interferir.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Rascunhos de Um Pensar - Parte 04

Não há Tempo. 


Isso pode parecer confuso e fica difícil se fazer paralelos entre o mundo com tempo e o verdadeiro, sem tempo. Imagine-se imerso numa piscina e você se divertindo, respirando a própria água como se fosse a coisa mais natural do mundo. Você está lá, flutuando sem qualquer dificuldade, cercado de água por todos os lados. Feche os olhos. "Pense" em algo. Imagine esse "pensar" como a imensa capacidade de tudo poder criar. Abra os olhos esse algo é tua realidade presente. Feche os olhos. "Pense" novamente em um algo diferente. Reabra os olhos, e o algo anterior deu lugar a um novo algo vindo do nada. Você acaba de brincar de criar algos, mundos, universos, realidades. A partir do Nada.


Você pode permanecer de olhos abertos para poder manipular essa realidade momentânea ou pode dominar o "pensar" para repetir qualquer "algo" com um simples piscar.


Você também pode virar para um lado, alterar a percepção do algo, trocar algos com os amigos, interagir com outros algos... confuso, eu sei. Mas aja como uma criança, confunda o hoje com o ontem e deixe o tempo confuso... ele se auto destruirá.


As nossas limitantes três dimensões (ou mesmo quatro segundo alguns) também são ligadas à percepção aprendida.  A própria Ciência já relativizou estas dimensões e o tempo, dando a entender que elas não são absolutas e sim relativas. Ótimo! Meio caminho andado! Mas pararam por aí porque precisavam (não sei porquê) readaptar o mundo, até então obediente às regras, para esta nova "realidade". Tomaram todo o cuidado para não desmontar o passado, não negar Newton. E aí perderam a chance de um real progresso. Dimensões são hoje usadas para várias finalidades como localização, quantificação e comparação. Tentam dar um caráter absoluto a percepções para então relativizá-las.  Mas se já entendemos que não há tempo, e o tempo seria uma das quatro dimensões, não há como caracterizar espaço. O Espaço passa a ser algo sem qualquer sentido quando a correta perda da noção de tempo nos permite realizar "pensamentos" com um piscar de olhos. Assim, não há espaço sem o querermos e não precisamos querê-lo o tempo todo nem conseguimos impô-lo a qualquer um.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Rascunhos de Um Pensar - Parte 03

É preciso entender que Ciência é como Crença, todas estão certas sem nunca acertarem.

A Terra é tão plana quanto ela é esférica e qualquer das duas visões é sempre um limitante (pelo menos quando plana, podemos cair de suas bordas; quando esfera, não temos para onde cair). Por outro lado, o vazio "intermolecular" da Terra é o mesmo que de todos os Universos e independe dela ser plana ou esférica.

Posso enumerar aqui talvez centenas de revisualizações da Ciência que poderiam ajudar a construir um caminho mais claro, mas vamos tentar falar da Ciência em si. Não tenho a competência ou o conhecimento da história para poder afirmar coisas com a precisão que exigirão de mim, mas pensemos, por enquanto, de forma um pouco mais livre.

A Ciência nasce do homem como talvez uma necessidade de conquistar e preservar explicações. Não sei afirmar porque houve esse apego à matéria, ao palpável, ao que mexe com os cinco sentidos, mas são justamente esses lados do universo que não precisam de explicação. É nesse mundo de sentidos mundanos, tão mundanos que a maioria dos animais os têm, que as coisas acontecem e provavelmente sempre acontecerão segundo uma ordem, um conjunto de regras, e conhecer este conjunto não nos dá qualquer poder transformador sobre ele.

O homem deveria ter se dedicado a entender, sem precisar explicar, as coisas não palpáveis, aquelas que parecem desafiar toda a normalidade que o homem se acostumou a ver. Essas coisas "estranhas" existem e trazem pela sua existência mais informações do que estamos acostumados. É através desses "passaportes" a outros entendimentos que poderemos entender, ou pelo menos vislumbrar, esse Nada.

Nós temos que partir de alguns conceitos, ou o que eu chamaria de idéias desejadas.

Se você quer embrulhar todo o mundo, todo o universo, todo o conhecido e o desconhecido em um só pacote para então poder passear por ele como quiser, temos que derrubar algumas idéias que não se encaixam e inventar outras.

Para se embrulhar o incomensurável, o interminável, precisaríamos de tempo infinito. Como não temos isso, devemos abandonar o conceito de tempo como o conhecemos.

Tempo não é grandeza nem dimensão. Tempo é a forma que escolhemos para brincar de evoluir. Mas é um brinquedo muito chato e também muito destrutivo. Aqueles que acreditam no Tempo precisam criar as teorias de Big Bang, para dar um começo ao tempo. Feito isso, tudo está perdido, amarrado a um conceito inútil. Quase nos damos conta disso e começamos a pensar em máquinas do tempo, fontes da juventude; os cientistas até tiveram que inventar o tempo negativo, antes do Big Bang, ou mesmo o Big Bang cíclico para tentar preservar o conceito de tempo.

Não há Tempo. 

Rascunhos de Um Pensar - Parte 02

Preciso enxergar meus nadas. Preciso me ver vazio e entender que cada partícula minha é uma âncora que me prende ao aqui-agora tri-dimensional. Preciso entender que não preciso de mim para ser eu mesmo. Meu existir é perpétuo no tempo e infinito no espaço. Não sou o Todo e sim o Nada.

Imagino eu querendo desaparecer por uns instantes e convocando para isso milhares de borboletas. Elas, já sabendo o que eu quero, vão cobrir meu corpo deitado na relva por completo, sem deixar um só pedaço visível  mas mantendo a silhueta do meu corpo exatamente como ele é.  Assim, continuo lá, para todo ser humano acreditar, e aproveito e fujo para passear pelo nada, sem despertar suspeitas. Neste passeio coleto aprendizados, misturo tempos e espaços, junto coisas úteis e inúteis e depois volto para minha moradia formada pelas borboletas. Não sei quanto tempo fiquei longe, ainda não brinquei de escolher o quando do voltar. Mas trouxe comigo um monte de pensares e existires que coletei pelo passeio.

Tirando o lado fantasioso das borboletas, só vejo por ora três formas de viajar sem incomodar aqueles que não entendem.

Posso dominar as sensações físicas dos que me cercam.

Posso totalmente dominar o tempo e viajar o quanto quiser e, desde que volte ao instante presente, nada será notado.

Posso automatizar minhas partículas para que continuem parecendo vivas, cheias de mim enquanto passeio.

É óbvio que procuro conquistar o nada secretamente, sem que saibam ou se preocupem. Os que me cercam são queridos, merecem respeito e não precisam sofrer com o desconhecimento. Quero me desvencilhar  das âncoras mas não dos amigos e dos que me são importantes, mesmo que nunca venham a entender ou querer conhecer.

Mas tudo isso são presunções, pensamentos preparantes para o que devo fazer. E isso ainda não sei o que é.

Pelos meus pensamentos presentes o segredo está em entender como a ciência duelou com a realidade e a formatou, limitou e enjaulou. Em instante algum será necessário negá-la, mas é preciso entender que ela representa apenas uma possibilidade, uma janela, com sua devida grade, para dentro do real.

Quando a Ciência se depara com algo que não compreende ela pode negá-lo até poder explicá-lo, envolvê-lo em leis e teorias, criando o inútil conceito do possível e do impossível , ou pode se deliciar criando novas teorias mirabolantes e cheias de pontos que jamais serão realmente entendidos . É nesse ponto que ela mais se aproxima de abrir a janela para um mundo mais vasto, mas depois sucumbe ante a necessidade desnecessária de encaixar a nova teoria no mundo das antigas ou de trazer as antigas teorias ao novo mundo que se apresentou.

Assim, fechou uma janela ao abrir outra e precisa desta "coerência" para continuar Ciência.

E essas elucubrações em busca de se solidificar o mundo levam os cientistas a perderem contato com qualquer realidade e assim não sentirem o quão longe estão do verdadeiro explicar.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Rascunhos de Um Pensar - Parte 01

Esse negócio de ficar remoendo idéias e explicações, ficar lendo e pensando, brincando de entender é uma coisa muito louca.

Agora brinco de conquistar a ciência da forma que ela menos imagina. Brinco de não negá-la mas sim entendê-la como um dos limitantes do ser humano. Brinco de mostrar que ela pode ser usada como uma forma mágica de ser burlar todas as leis que aprendemos existir.

Quero poder atravessar uma parede, flutuar, sair do meu corpo e voltar, morrer e desmorrer.

Quero estar em todos os lugares, um por vez pois não quero ser onipresente,  sem precisar viajar.

Quero entender as doenças, não para curá-las mas para fazê-las desistir de destruir.

Aprendi que dois corpos se atraem com força proporcional às suas massas e inversamente proporcional ao quadrado da distância que as separa. Deveria ter aprendido que dois corpos se atraem porque há distância entre eles.

Aprendi que uma ação sempre causa uma reação em sentido oposto e de igual intensidade. Deveria ter aprendido que isto só acontece porque elas querem manter sua individualidade. Se quisessem ser mais, somariam e não reagiriam, destruindo a outra lei, aquela da conservação da energia.

Aprendi muitas coisas chamadas ciência. Mas acho que aprendi os lados errados dela. Aprendi que os átomos são pequenas partículas cercadas de muito vazio e que as energias destas partículas garantem seus espaços. Deveria ter aprendido que há muito vazio cheio de energia e salpicado de partículas, porque o vazio assim o permite.

Então...

Se eu conquistar este vazio, fazer dele o meu verdadeiro ser, terei conseguido ser o éter dos antigos, que tudo explica, tudo preenche.

A frase que diz que o nada existe pode parecer absurda mas não existe nada mais presente, mais desvinculado do tempo, mais sem dono e sem interesse que o nada, o vazio. O verdadeiro Vazio.

Não existe nada mais simples. Não há nada que permeie os universos com tanta eficiência quanto o Nada.

Se eu puder fazer parte do nada de forma coerente, terei conquistado o Todo sem nenhum esforço e sem nenhum conflito com cada um dos proprietários de cada pedacinho deste Todo.

O que me separa da Lua, que brilha neste momento nos céus noturnos de Glastonbury? Nada... se eu souber navegar por esse nada chegarei lá num nada de tempo...
 
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