INSTRUÇÕES DE USO

Você está proibido de ler este blog fora de ordem! A nova ciência da tecnologia criou uma nova ditadura de formas e conteúdos e tive que fazer algumas mágicas para que as coisas apareçam na ordem certa (mas nem sempre funciona)!
Embaixo você vai poder ler as últimas partes escritas (mas só se você já leu o resto) - não me obedecer pode gerar sua expulsão desta minha doação literária! Para ajudar, olhe à sua esquerda e vai ver um índice... sabe o que fazer com ele?

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Leituras e Releituras

Caro leitor

Hoje alguém me falou do Pequeno Príncipe. Lembro-me bem dele, mas será que lembro de todas as suas lições? Consigo realmente ver que não "adulteci" e que continuo um pouco essa criança que sabe enxergar e sentir?
Fui reler alguns trechos do livro e me veio à memória outros tantos livros marcantes. E um foi muito especial: Ilusões de Richard Bach. Sim, ele mesmo, o que escreveu Fernão Capelo Gaivota.. Ahh, já sei! Você não tem a menor idéia de quem estou falando... Pequeno Príncipe, Fernão, Ilusões...
Vamos ver se te ajudo. Primeiro, não estou falando de Literatura, estou falando de Leitura. Não, não apele para o dicionário para tentar entender a diferença, não vai encontrar nada que te ajude.
Deixa que eu te ajudo.
Digamos assim, em forma simples, que Literatura é a leitura dos outros. É ler obras de arte que para serem totalmente compreendidas, você tem que saber história, sociologia, psicologia, arte, etc. Se não estiver, digamos assim, embuido desses conhecimentos, as obras literárias poderão ser tão massacrantes e inúteis quanto as obras do Portinari (explico isso qualquer outro dia).
Já a leitura são as coisas escritas e por você lidas que criam sua história, seu ser social, sua sensibilidade. Tenho para mim que devíamos ter em nosso currículo as obras e coisas que lemos. Acho que aprendo muito mais de uma pessoa conversando sobre suas leituras que sobre suas virtudes.
Estou começando a acreditar que existe ainda uma coisa importante: a releitura. Voltar a ler os mesmos livros que compuseram minha vida há vários anos e ver como me comporto, como me sinto. Logicamente, ao reler, vou também lembrar um pouco e com certeza de forma deturpada, dos meus conflitos e descobertas. E vou poder ver se me desviei de sonhos, de caminhos ou de missões. Me aguardem.

Enquanto isso, sem autorização expressa do autor, apresento abaixo a introdução do Ilusões para meditação conjunta de meus leitores:

Houve um Mestre que veio à Terra, nascido na terra santa de Indiana, criado nos montes místicos depois de Fort Wayne.
O Mestre aprendeu sobre este mundo nas escolas públicas de Indiana e, ao crescer, em seu ofício de mecânico de automóveis. 
Mas o Mestre conhecia outras terras e outras escolas, de outras vidas que tinha vivido. Lembrava-se disso, e, lembrando-se, tornou-se sábio e forte, de modo que outros viram a sua força e o procuraram, em busca de conselhos. 
O Mestre acreditava que tinha o poder de ajudar a si mesmo e a toda a humanidade, e, acreditando, assim era para ele, de modo que outros viram o seu poder e o procuraram para se curar de seus problemas e suas doenças. 
O Mestre acreditava que todo homem deve considerar-se filho de Deus, e, acreditando, assim era, e as oficinas e garagens em que trabalhava se apinhavam com aqueles que procuravam a sua sabedoria e o contato com ele, e as ruas de fora ficavam cheias daqueles que desejavam apenas que a sombra de sua passagem pudesse cair sobre eles, modificando suas vidas. 
Aconteceu, por causa da multidão, que os vários contraMestres e chefes de oficina pediram ao Mestre que largasse as ferramentas e seguisse o seu caminho, pois havia tanta gente em volta dele que nem ele nem os outros mecânicos conseguiam trabalhar nos automóveis. 
E assim foi que ele seguiu para os campos, e os que iam com ele começaram a  chama-lo de o Messias, o que operava milagres, e, como eles acreditavam, assim era. 
Se sobreviesse uma tempestade, enquanto ele falava, nem uma gota tocava a cabeça de seus ouvintes, o último da multidão ouvia suas palavras tão claramente quanto o primeiro, mesmo que houvesse raios ou trovões no céu. E sempre lhes falava em parábolas. 
E lhes disse: "Dentro de nós está o poder de nosso consentimento para a saúde e a doença, a riqueza e a pobreza, a liberdade e a escravidão. Somos nós que controlamos isso, e não os outros." 
Um moleiro disse: "Essas palavras são fáceis em tua boca, Mestre, pois és guiado como não somos nós, e não precisas trabalhar como trabalhamos. O homem tem de trabalhar Para ganhar a vida Neste mundo."
O Mestre respondeu: "Uma vez havia uma aldeia de criaturas no fundo do leito de um grande rio cristalino. 
"A corrente do rio passava silenciosamente por cima de todos eles, jovens e velhos, ricos e pobres, bons e maus, a corrente seguindo o seu caminho, só conhecendo o seu próprio ser cristalino.
"Cada criatura, a seu modo, se agarrava fortemente às plantas e pedras do leito do rio, pois agarrar-se era o seu modo de vida, e resistir à corrente era o que cada um tinha
aprendido desde que nascera. 
"Mas uma das criaturas disse, por fim: 'Estou farto de me agarrar. Embora não possa ver com meus próprios olhos, espero que a corrente saiba para onde está indo. Vou soltar-me e deixar que ela me leve para onde quiser. Se me agarrar, morrerei de tédio.' 
"As outras criaturas riram-se e disseram: 'Louco! Se você se soltar, essa corrente que você adora o lançará despedaçado sobre as pedras e sua morte será mais rápida do que a causada pelo tédio!'
Mas aquele não lhes deu ouvidos e, respirando fundo, soltou-se, e imediatamente foi lançado e despedaçado pela corrente sobre as pedras!
"Mas com o tempo, como ele se recusasse a tornar a se agarrar, a corrente o levantou, livrando-o do fundo, e ele não se machucou nem se magoou mais.
"E as criaturas mais abaixo no rio, para quem ele era um estranho, exclamaram: 'Vejam, um milagre! Uma criatura como nós, e no entanto voa! Vejam, é o Messias que chegou para nos salvar!'
"E aquele que foi carregado pela corrente disse: 'Não sou mais Messias do que vocês. O rio tem prazer em nos erguer à liberdade, se ousarmos nos soltar. O nosso verdadeiro trabalho é essa viagem, essa aventura.'
"No entanto, cada vez exclamavam mais 'Salvador!', enquanto se agarravam às pedras; quando tornaram a olhar, ele se fora, e eles ficaram sozinhos, inventando lendas sobre um Salvador."
E quando viu que a multidão cada vez o seguia mais de perto, mais terrível do que nunca, quando viu que insistiam para que ele os curasse sem descanso, e sempre os alimentasse com seus milagres, e aprendesse por eles e vivesse suas vidas, foi sozinho para o topo de um morro e rezou. 
E disse em seu íntimo, Ser Infinito Radioso, Se for a tua vontade, deixa que esta taça passe de minhas mãos, deixa-me pôr de lado esta tarefa impossível. Não posso viver a vida de uma outra alma, no entanto dez mil me imploram a vida. Sinto ter permitido que tudo isso acontecesse. Se for a tua vontade, deixa-me voltar aos motores e às ferramentas e viver como os outros homens. 
E uma voz lhe falou no topo do morro, uma vez que não era de homem nem de mulher, nem forte nem fraca, uma voz infinitamente bondosa, que lhe disse: "Não a minha vontade, mas a tua seja feita. Pois o que for a tua vontade será a minha vontade para ti. Segue o teu caminho e sê feliz na terra."
E ao ouvir aquilo o Mestre alegrou-se, deu graças e desceu de cima do morro cantarolando uma cançãozinha de mecânico. E quando a turba o atormentava com seus males, implorando que os curasse, aprendesse por eles, os alimentasse constantemente com sua compreensão e os divertisse sempre com suas maravilhas, ele sorriu para a multidão e disse amavelmente: "Eu desisto."
Por um momento a multidão ficou muda de espanto.
E ele lhes falou: "Se um homem dissesse a Deus que o que queria mais que tudo era auxiliar o mundo sofredor, fosse qual fosse o preço para si, e Deus lhe respondesse o que devia fazer, o homem deveria fazer o que lhe era ordenado?"
"Pois claro, Mestre!" exclamaram. "Devia ser para ele um prazer sofrer as torturas do próprio inferno se Deus lha pedisse!"
"Não importa quais fossem essas torturas, nem a dificuldade da tarefa?"
"Seria uma honra ser enforcado, uma glória ser pregado a uma árvore e queimado, se fosse isso que Deus pedisse", disseram eles.
"E o que fariam vocês, perguntou o Mestre à multidão, se Deus lhes falasse diretamente, em pessoa, e dissesse: 'ORDENO QUE SEJAS FELIZ NO MUNDO, ENQUANTO VIVERES.' O que fariam então?"
E a multidão calou-se e nem uma voz ou som foi ouvido sobre os morros e pelos vales.$
E o Mestre disse: "No caminho de nossa felicidade encontraremos o conhecimento para o qual escolhemos esta vida. É assim que aprendi hoje e prefiro deixa-los agora para seguirem o seu caminho."
E seguiu o seu caminho no meio da multidão e voltou ao mundo dos homens e dos motores.

Pensem, leiam... manteremos contato.

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